sábado, 11 de agosto de 2012

Pequenas lembranças de um pequeno menino gay

Estréia uma nova sessão do "Oi, qué tc?" onde eu Well Woolf me permito escrever em primeira pessoa.
Minha intenção não é expor minha vida. Mas sim transformá-la em literatura.

Feliz dia dos pais.






Meu pai era mecânico. Tinha uma mão grande. 
Assim como a minha é agora. A pele da mão dele era grossa.
As vezes tinha manchas de graxa. Era uma mão forte e pesada.
Não lembro qual  foi o motivo da briga.
Lembro que minha mãe estava na cozinha fazendo um bolo. 
Meu pai e eu na sala em pé um  de frente pro outro. 
Ele me perguntou se eu era um homem ou rato.
Eu não queria dizer que era um rato. 
Mas eu também não era ainda um homem. Eu era uma criança, Tinha 14 anos.
Sempre houve uma pressão dos meus pais pra que eu me tornasse adulto.
Parecia que a esperança deles era que quando eu fosse adulto eu seria hétero.
Não respondi a pergunta.
O tapa foi tão forte que caí no chão com um zumbido no ouvido e tonto.
Conheci a mão do meu pai.
Não condeno meu pai e minha mãe por serem ignorantes.
Mas não tiro a culpa deles pela violência que sofri.
Quando penso em dia dos pais penso na cara de demônio que meu pai fazia.
Penso que na primeira série quando fiz um porta-caneta de papel pra dar de lembrança, já o julgava não-merecedor.
Eu não vou ligar. Não vou falar com ele. Ainda o acho não-merecedor.
Quem sabe um dia eu esqueça. 



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Um comentário:

Anônimo disse...

Que pena que a ignorância alheia lhe fez sofrer tanto durante a adolescência. Mas lembre-se: dia dos pais é só um dia durante o ano, e agora, que você está adulto (e muito bonito, a propósito), apesar das lembranças, nada lhe impede de ser quem você é!!